sábado, 22 de janeiro de 2011

Soneto do Amor Maior

Maior amor nem mais estranho existe que o meu,
Que não sossega a coisa amada 
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descosolada, dá rizada.
E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal aventurada.

Louco amor meu, que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer – e vive a esmo

Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo.

Vinícius de Morais

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